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O FILME “AINDA ESTOU AQUI” E ELES AINDA ESTÃO POR AÍ

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Estreou no último dia 07 de novembro o espetacular filme de Walter Moreira Salles “Ainda estou aqui”. Adaptado da obra homônima de Marcelo Rubens Paiva, conta a história do sequestro e morte do deputado cassado Rubens Paiva, seu pai, o drama vivido por sua esposa e toda a sua família e mãe do autor do livro: Eunice Paiva.

Ambientado no Rio de Janeiro no início da década de 1970, onde o ex-deputado federal Rubens Paiva resolve morar após voltar do exílio. Ele passa a exercer a sua profissão de engenheiro, num lar cercado de seus cinco filhos e um cachorro. Num belo dia, uns brutamontes da ditadura o levam para um interrogatório e nunca mais volta. Disso sobrevém o drama de sua esposa Eunice na busca do que aconteceu com o marido e ainda sustentar e criar a sua prole.

O filme centra-se na experiência dolorosa vivida por Eunice Paiva na tentativa de encontrar resposta pelo sumiço de seu marido. Enfrentando a resistência dos militares em dar uma explicação do sequestro, ela resolve na maturidade cursar Direito e ir atrás de justiça. A história do filme vai até a morte de sua protagonista.

O que torna um filme excepcional é a representação de Eunice por Fernanda Torres. Com uma interpretação contida e no exato ponto de não transformar seu personagem em uma coitada, ela está magistral. Seus diálogos ao longo do filme, são sempre curtos, mas sempre precisos e sem exageros. Percebe-se no transcurso da história a sua transformação emocional, à medida que a notícia que não queria receber, ou seja, a confirmação da morte de seu marido. Isso permite uma leveza na forma como conduz seus dramas, que são muitos, em contraposição a aspereza de sua vida no enfrentamento da ditadura. Fernanda consegue prender o telespectador com suavidade, sem ser banal que somente os gigantes da arte da interpretação conseguem.

Eunice enfrenta suas tragédias sem melodramas. Esconde de seus filhos o desaparecimento de seu marido até o limite de suas forças. Luta em busca de respostas sobre seu sumiço em silêncio e de forma tenaz. Sem sombra de dúvidas uma mulher extraordinária. São personagens como este que nos faz lembrar que no Brasil ainda existem pessoas merecedoras de nossa admiração e respeito.

Selton Mello está perfeito no personagem de Rubens Paiva, inclusive fisicamente. Um ponto a destacar é a fotografia do filme, com reprodução do Rio de Janeiro da década de 70 cercado de detalhes impressionantes. Incomuns no cinema brasileiro.

“Ainda estou aqui” tem a virtude de expor sem manipulações um passado recente do Brasil onde reinou a brutalidade a serviço do Estado, chefiado por generais déspotas que prendiam, torturavam e matavam.

Muito mais do que uma história muito bem contada, que nos mostra até que ponto uma ditadura pode mudar os destinos de uma família, é a oportunidade de expor sem medos o que significa um regime ditatorial execrável vivido em nossas terras que ainda tem pateta que defende. Não li o livro ainda, mas os roteiristas resolveram a pedido de Marcelo Paiva não detalhar as torturas e espancamentos a que eram submetidos os presos políticos da repressão, apenas se faziam insinuações. Esses eventos são exibidos de forma sutil, que não tiram o impacto de sua crueldade.

Um dado curioso, mas não surpreendente, foi a reação da extrema direita brasileira. Imbuídos em desqualificar o filme, lançaram uma campanha nas redes sociais para boicotar a frequência do público destilando as sandices e burrices de sempre. Insatisfeitos com o que é mostrado no filme, os imbecis de sempre passaram a divulgar fake News sobre o que foi a ditadura que assolou o Brasil por mais de 20 anos. Mas o resultado foi pífio, diria até ridículo, pois as salas dos cinemas cheias é demonstração cabal de que os brasileiros querem saber definitivamente o que aconteceu nos porões dos quartéis. E o filme nos mostra tudo isso com brilhantismo.

Os defensores da ditadura e extremistas disfarçados de democratas ainda estão por aí. Essa gente estúpida e ignorante está disseminada em todos os lugares. A exibição do filme de Walter Salles incomodou esses idiotas. Eles acham que houve distorções ao retratar esse período funesto vivido aqui no Brasil. As coisas pioraram quando Fernanda Torres começou a dar declarações sobre o filme, convocando o público a uma reflexão. Inquietos, não aceitam a existência de um passado ditatorial que prendeu e matou muita gente.

Soube pela imprensa que o golpista Bolsonaro quando era um apagado e inexpressivo parlamentar cuspiu na estátua de Rubens Paiva. Agora adivinha que está no chorume da história e quem será lembrado por sua luta e combatividade pela restauração da democracia?

A imprensa internacional louvou o filme. Grandes jornais europeus, a exemplo do The Guardian, elogiaram muito o trabalho de Walter Salles. Críticos especializados dos EUA também aplaudiram não só o filme, mas a atuação de Fernanda Torres. Como se vê não será a extrema direita burra (desculpem o pleonasmo) que irá detratar a qualidade do cinema brasileiro. Candidatíssimo ao Oscar em Los Angeles, pode até não levar um prêmio. Não importa. O público brasileiro foi premiado com uma obra tão delicada e forte ao mesmo tempo. Assim como Eunice Paiva. Essa sim que orgulha a mulher brasileira. Ah! Também extensivo a Fernanda Torres.

Argemiro Nascimento
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