Não é somente no Brasil que a
Justiça atua de modo inusitado e estapafúrdio em determinados pleitos sujeitos
à sua apreciação.
No antigo site [email protected] estão alguns casos que merecem profunda
reflexão a nós outros.
Em Londres um inglês está
processando a polícia por tê-lo baleado quando assaltava o Correio. No País de
Gales, um cidadão ganhou indenização porque caiu quando dançava e quebrou a
perna. Um aposentado francês entrou na Justiça contra uma prostituta, porque
não conseguiu satisfazê-lo. Vai pegando, na Europa, a mania americana de abrir
processo na Justiça para resolver os problemas mais banais.
Ninguém ganha dos americanos na
mania de brigar nos tribunais por qualquer motivo. Bobeou, o ianque processa o
vizinho que faz barulho, o médico que não cura, o patrão que não promove o
empregado por ser feio, gordo, careca, ter mau hálito ou pertencer ao sexo
errado.
Houve até a história (verídica,
não é folclore) do nova-iorquino que tentou o suicídio no metrô, jogando-se
embaixo do trem que se aproximava da estação. Sobreviveu ao impacto e processou
a companhia de transporte pela negligência de haver deixado que ele pulasse à
frente do trem. Ganhou a causa e faturou uma bolada.
Conheci pessoalmente, em
Albuquerque, Novo México, a filha de uma senhora que processou o McDonald’s
local quando ela mesma derramou café no colo. A bebida estava quente demais, a
senhora queimou a perna e processou a lanchonete por esquentar demais o café.
Não adiantou o restaurante explicar que os clientes exigem o produto quente. A
queixosa levou quatro milhões de dólares, contou-me a filha, entusiasmada.
O medo de processo gera uma
corrida às companhias de seguro a fim de comprar apólices que cubram os riscos
mais diversos. Uma consequência infeliz é o aumento de custos dos serviços,
pois quem compra o seguro repassa o gasto a terceiros, geralmente o consumidor.
É o caso de médicos, por exemplo,
que pagam fortunas para estar cobertos por seguro caso um paciente os processe.
A despesa adicional acaba influenciando o preço da consulta ou do tratamento,
sempre caros nos Estados Unidos.
A Europa começa a exibir
manifestações da febre americana do litígio, com seus exemplos excêntricos.
Além dos casos de prisioneiros em Manchester, na Inglaterra, que processaram o
Serviço de Prisões, alegando que ficaram 'mentalmente traumatizados' com uma
rebelião na penitenciária.
Durante a revolta, no início da
década, os manifestantes subiram ao telhado, lançaram paus e pedras nos
guardas, queimaram colchões. Um prisioneiro morreu no confronto, mas, no geral,
a polícia manteve a calma, não engrossou e preferiu esperar a revolta se
esvaziar com o passar do tempo, o que acabou ocorrendo após três semanas.
Sete dos prisioneiros que
participaram da rebelião entraram na Justiça reclamando do trauma e o Serviço
de Prisões preferiu evitar um processo arrastado (os prisioneiros não tinham
pressa nem muitos compromissos...) fez um acordo e pagou o equivalente a dez
mil reais a cada um.
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