Festa da Boa Morte começa nesta terça-feira em Cachoeira

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A tradicional e bissecular Festa da Nossa Senhora da Boa Morte começa nesta terça-feira (13), em Cachoeira, no recôncavo baiano. A programação do evento, que é patrimônio imaterial do estado desde 2010, segue até sábado (17).

O evento homenageia a Irmandade da Boa Morte, formada por mulheres negras, é uma confraria religiosa afrocatólica brasileira que, por muito tempo, foi responsável pela alforria de inúmeros negros escravizados.

Programação
 

A festividade se inicia nesta terça-feira (13), dia dedicado às irmãs falecidas. Nestes dias as irmãs vestem-se de branco, saem em procissão carregando a imagem postada sobre um andor rumo a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário.

Na quarta (14), com a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, as irmãs saem da sede da Irmandade em procissão noturna, carregando velas, entoando cânticos proferidos durante o percurso fazendo menção à dormição de Nossa Senhora.

Irmandade da Boa Morte
 

Não há uma data precisa sobre o surgimento da irmandade. Pesquisadores apontam que os primeiros sinais do grupo são de 1810, em Salvador, a partir de mulheres escravizadas oriundas de países africanos.

O grupo, que atuava para alforriar escravos, foi extinto por causa de perseguições, que fizeram com que algumas irmãs fossem para Cachoeira, cidade que, na época, gozava de uma economia pujante. Em 1840, elas retomaram a irmandade no recôncavo.

O nome da irmandade foi escolhido porque quando os negros eram maltratados – o que era comum nos séculos passados, sempre pediam para terem uma boa morte. Muitos pediam a interseção de Maria, para morrerem bem junto a ela.

O grupo já chegou a ter 150 integrantes, com posições passada entre gerações. Apesar do número relativamente expressivo, essas mulheres precisaram lutar para cultuar uma santa católica, sem deixar de lado a ancestralidade do povo preto.

Elas celebravam a santa católica, mas também cultuavam orixás. Nem todos os padres eram generosos e alguns não abriam as portas das igrejas para as irmãs, e não as aceitavam como negras, nem a matriz religiosa que herdaram.

Foto: Jomar Lima/Divulgação