O problema da violência no município de Feira de Santana, provocado sobretudo pelo aumento do tráfico de drogas entre os jovens, foi tema de uma audiência pública realizada na quinta-feira (24), na Câmara de Vereadores. Além dos parlamentares, a audiência contou com a presença de representantes da Polícia Militar, através do Comando Regional Leste (CPRL), da Polícia Civil, Secretaria de Prevenção à Violência, e a Guarda Municipal.
Entre os temas debatidos na audiência esteve o alto índice de criminalidade em alguns conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida. Para o Tenente-Coronel Muller, comandante da CPRL, a problemática só será resolvida por meio da junção de forças entre o município, o estado e até mesmo a União.
“Não se trata de marginalizar os conjuntos habitacionais do Minha Casa, Minha Vida. O que a gente declarou com muita tranquilidade é que nós temos problemas em alguns conjuntos. Naqueles onde existem associações de moradores, o condomínio funciona bem. Nos que não possuem, temos problemas sérios e pedimos ao estado, o município e até a União façam intervenções para a gente retomar a condição de vida e a paz pública para os moradores. Um exemplo é o Solar das Princesas”, afirmou o coronel em entrevista ao Folha do Estado.
Ele reforçou a importância da aproximação com a Câmara de Vereadores para debater os problemas da cidade, a exemplo da segurança pública.
“Esta é a casa do povo de Feira de Santana, e a partir deste diálogo podemos tomar as medidas que Feira de Santana precisa para ser uma cidade cada vez mais tranquila. A integração não será somente entre as forças de segurança, que já acontece durante todo o ano. Pretendemos integrar com toda a sociedade, como associações de bairros, câmara, universidades, todas as representações, para termos os resultados que queremos. O problema não é só da Polícia Militar e da Civil”, destacou.
Terminal Rodoviário
Além da violência nos conjuntos habitacionais, o coronel Muller tratou também sobre a presença constante da Polícia Militar na região do Terminal Rodoviário, que tem registrado constantemente crimes relacionados ao tráfico de entorpecentes, homicídios, furtos e roubos, além da presença de pessoas consumindo drogas em via pública.
“Nós precisamos de novas intervenções ali. Vejo que a 64º CIPM, através do major Fernando, tem tido uma atuação muito firme. Mas ela continua precisando das intervenções, pois poderemos ter problemas futuros em decorrência da falta de estrutura do local. É preciso um esforço muito grande, e o Pelotão da 64º está instalado lá de forma permanente. E nós precisamos tornar aquele lugar mais tranquilo.”
O Coordenador Regional da Polícia Civil de Feira de Santana, Ivys Correia, afirmou que as equipes tem trabalhado de forma sempre integrada e percebes uma evolução constante dos índices de criminalidade em Feira de Santana, sobretudo no que diz respeito aos CVLIs (Crimes Violentos Letais Intencionais).
“Os números têm reduzido cada vez mais. Fevereiro e Março bateram recorde de 15 a 20 anos, demonstrando que o trabalho está surtindo efeito. Por outro lado, temos que ter a serenidade para continuarmos firmes, pois sabemos que a droga está atraindo diversos jovens e essa é a porta de entrada para os atos infracionais e repercute em diversos crimes, como homicídios, crimes contra o patrimônios, como roubos, furtos e diversos outros delitos. Lógico que esse tipo de audiência é importante para buscarmos uma evolução e progressão constante da segurança pública. Nós sempre aceitamos todas as críticas e ponderações como forma de evolução.”
O vereador e presidente Marcos Lima informou que a audiência é fruto também da criação da Frente Parlamentar de Segurança Pública, na Casa Legislativa.
“A cidade precisa de planejamento de ações efetivas e precisamos cobrar. Foi muito importante essa audiência pública, temos essa preocupação e vamos dar continuidade neste tipo de serviço na Câmara, como reunir as Forças de Segurança Pública. Vamos tentar nas próximas audiências trazer o Ministério Público para que possamos buscar uma solução para a segurança de Feira de Santana, que infelizmente ainda é uma cidade violenta. A PM demonstrou que tem feito seus esforços, mas também nós como sociedade, vereadores, a população, precisamos fazer a nossa parte. Para que isso aconteça precisamos nos unir, para que Feira tenha mais tranquilidade nos bairros, na Rodoviária, no centro da cidade.”
Entre as participantes da audiência esteve Railane Rodrigues de Oliveira, representando o bairro Nova Esperança. Ela explicou ao Folha do Estado as dificuldades envolvendo a segurança e outras situações, que a comunidade têm enfrentado no local, sobretudo após a duplicação da BR-116 e a construção de uma passarela.
“Depois da duplicação da via da BR-116, que dá acesso ao bairro, começamos a ter outros problemas, além dos que já existiam, pois foi feita a passarela e não foi colocada a iluminação pública na região. Isso, além de colaborar com o aumento dos acidentes, que vêm acontecendo de forma constante ali, foram 15 registrados, com duas mortes, em menos de 15 dias este ano, estamos sofrendo também com a falta de segurança pública, como também a falta de abastecimento de água, que é essencial. Estamos cansados e eu decidi vir à Câmara buscar ajuda. As pessoas quando vão lá prometem mais não cumprem nada.”
Ela pediu à polícia que fosse mais presente no bairro, com rondas ostensivas. “Queremos a polícia lá frequentemente, pois não estamos vendo o policiamento lá. Principalmente as mulheres estão vulneráveis por conta da escuridão”, abordou.
Por folha do Estado