Está errada a afirmação de que o aeroporto de Feira de Santana não tem demanda para seu devido funcionamento. O grande problema do equipamento de transporte aéreo da Princesa do Sertão é a falta de infraestrutura para explorar a demanda existente.
A observação é do professor do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), José Renato Sena, que participou de uma audiência pública sobre a “Situação atual e as perspectivas de desenvolvimento do Aeroporto João Durval”, nesta quinta-feira (27), na Câmara.
A Mesa de Honra esteve formada, além do docente, pelo vereador autor, Jorge Oliveira (PRD); deputado estadual, José de Arimatéia (Republicanos); secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano (SEDUR), Braga Neto; secretária Municipal de Trabalho e Desenvolvimento Econômico (SETTDEC), Márcia Cristina; presidente da Associação Comercial e Empresarial de Feira (ACEFS), Genildo Melo; presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Juscelino Brito e vereador Ismael Bastos (PL).
Durante a explanação, fundamentada com exibição de slides, José Renato foi enfático ao afirmar que, “ao contrário do que dizem”, o aeroporto de Feira pode ter 605 mil passageiros em 2030, e 964 mil em 2052, se houver estrutura.
O dado consta, segundo ele, em um estudo desenvolvido pelo Laboratório de Transportes da Universidade Federal de Santa Catarina. “O mesmo trabalho diz que, se houver um cenário otimista, isso pode chegar a mais de um milhão e oitocentos mil no período final apontado. Portanto, documentos estratégicos deixam claro que demanda nós temos. O que não temos é capacidade de trazer voos”, disse.
Ele ressaltou que a política de aviação regional na Bahia é “muito deficiente” e precisa ter seu desenho repensado. “Sete em cada dez passageiros que usam aeroporto no Estado, embarcam ou desembarcam em Salvador. Estamos deixando o interior desassistido.
Dezenas ou centenas de cidades estão com este problema. Se Feira é referência, o equipamento de transporte aéreo para servi-las deve ser um aeroporto regional em Feira”, defendeu. O professor teceu críticas à obra de ampliação da pista em apenas 300 metros (passando de 1500m para 1800m), prestes a ser iniciada pelo Governo do Estado no local, porque não alarga e a resistência do pavimento ficará longe do necessário para suportar aeronaves maiores (aumentou de 30 para 36, quando o mínimo seria 44).
E nada foi especificado no edital de licitação, acrescentou José Renato, sobre outros dois elementos importantes: o pátio (atualmente, só há duas posições de paradas) e a pista de taxeamento, que precisa ser reforçada. “Defendemos que seja feito, pelo menos, o que consta na licitação de concessão do aeroporto, referente à pista. Ou seja, 2200 metros de comprimento por 45 metros de largura com índice de resistência de 44”, pontuou.
Sobre um projeto existente na gestão estadual, com o objetivo de concretizar um aeroporto de cargas para Feira, classificou como “aquém do tão sonhado e necessário equipamento para ter real capacidade de cargas”. Pensar no aeroporto, ele disse, é lembrar que, além de trazer divisas para o Estado, contribui para consolidar Feira como um dos principais centros logísticos do Nordeste: “Portanto, precisa ser pensado e valorizado. E temos que lutar em prol dele”.