O EXTREMISTA

Foto: Divulgação

Juro que tento fugir dele, mas meus amigos me pedem para opinar quando ele se manifesta. Às vezes rejeito, porque geralmente ele só fala bobagem com ar de sabedoria, mas na verdade atrai somente outros reacionários que pensam como ele. Desta vez me mandaram um artigo que o sujeito escreveu. Refutei a sua leitura, pois nada tem a dizer, a não ser idiotices com ares de profundidade, mas de qualquer forma vou atender o pedido dos amigos.

A pessoa ao qual me refiro é fácil de saber. Sim, falo do Bolsonaro com um livro e meio livro lidos, aquele que se apresenta como alternativa contra tudo que está aí. Aquele que foi chamado pela imprensa de super-herói, mas que na verdade não passa de uma farsa, o decifrável Moro. O artigo ao qual me referi, foi publicado na revista eletrônica Crusoé e o distinto resolveu se mostrar pensador político, mas que na verdade diz platitudes um tanto quanto sofríveis, mas que nas entrelinhas escancara a sua veia reacionária. Então vamos ao seu texto.

Não vou comentar o seu notório desconhecimento da última flor do láscio. Continua piorando cada vez mais. Mas vamos ao texto. O sujeito entre as bobagens comuns que expressa, defende a ideia de criar um tribunal exclusivo para julgar os crimes de corrupção, sem estar sujeito ao crivo do STF, tendo como observadores e controle das organizações multilaterais, tais como a União Europeia, a ONU, OEA e por aí vai. Cita como exemplo para esta sua ideia reacionária a Ucrânia e exemplifica como parâmetro o Tribunal Penal Internacional.

Quem tem o mínimo de inteligência e sabe diferenciar um chuchu de chocolate percebe como é estapafúrdio e escancaradamente reacionário e o deveria o texto ser desprezado e jogado no lixo. O pior é que tem gente que aplaude estas posições de extrema direita.  Então vamos apontar que sua proposta é tão cretina que torna fácil contrapô-la.

Primeiro que a criação de um tribunal com fim específico de combater a corrupção, é um tribunal de exceção e isto é expressamente proibido em nossa constituição, é só ler o artigo 5º, inciso XXXVI. Diz o texto que não haverá juiz ou tribunal de exceção. Para os que não entendem o tribunal de exceção, é aquele tribunal criado com o propósito de caráter excepcional ou temporário. A proibição deste tipo de tribunal acontece em todo o mundo civilizado e democrático além de ser típico da mente de autocratas de quinta categoria. Só ditaduras às cria.

Outro ponto interessante. Segundo o gênio extremista este tribunal não ficaria subordinado ao STF. Mais reacionário impossível. Não tem nem como fazer por emenda constitucional. Aliás, o distinto Moro nunca foi um amante do nosso texto constitucional. Imagine amigos, teríamos um tribunal excepcional sem estar atrelado ao STF. Tem gente que aplaude. E o pior seria a sua forma de controle. Abriríamos mão de nossa soberania para entregar a fiscalização e controle a organismos multilaterais internacionais. É do balacobaco. Ele cita como comparação o Tribunal Penal Internacional. Como o sujeito é despreparado, mas com ideias bem definidas, ele deveria saber que este tipo de tribunal é uma ação conjunta de Estados Nacionais que sentiram a necessidade de julgar crimes de guerra, genocidio, perseguições políticas e fenômenos análogos de agentes que se escondem da atuação das leis que punem este tipo de crime. Através de negociação política os países podem ser signatários ou não deste tribunal internacional. Por exemplo, os EUA e a Rússia não são signatários da criação do Tribunal Penal Internacional. O tribunal que o infeliz quer criar seria feito dentro de um país com fiscalização e acompanhamento de órgãos estrangeiros, coisa inédita em países democráticos.

O gênio da raça, ao propor a criação do tribunal que combate a corrupção trás como paralelo o exemplo da Ucrânia. Não sei se os amigos sabem, mas o paraíso na Terra da extrema direita é a Ucrânia. É lá que os neo-nazista encontram espaço para defender os seus propósitos. Tanto que eles desfilam mundo afora com uma bandeira diferente do Estado ucraniano. Procurem na internet no verão. Aliás ela já foi até utilizada naquelas passeatas bolsonaristas. Lá existe um tribunal semelhante, mas pesquisem e vejam quem criou e como funciona. O tribunal ucraniano tem sido usado politicamente para perseguições políticas. A Europa deu as costas a estas sandices.

Resumo da ópera: O indigitado planeja criar um tribunal de exceção, contrário ao texto constitucional para combater a corrupção. Seria este tribunal fiscalizado por organismos internacionais, os juízes escolhidos pelo povo e independente do STF. Enfim, abriríamos mão de nossa soberania a soldo do combate à corrupção. As favas a constituição federal do Brasil. Não sei por que já vi isto em algum lugar do passado recente. Não sei onde. Mas vou tentar lembrar.

Combater a corrupção é uma ação do Estado e não de governo. Ela deve ser constante e dura com aqueles que praticam este tipo de crime. Temos instrumentos legais e aparelho judiciário para punir e combater a corrupção. Sem ter que dar saltos hermenêuticos e perseguições políticas para prender corruptos. O conjunto legal brasileiro já é suficiente para isto. Um ajuste ali ou aqui na legislação se faz, sem necessidade de casuísmo. Tribunal de combate a corrupção somente em mentes extremistas e que tais.

Moro é monotemático. A única coisa que sabe falar e muito mal é do combate a corrupção. Ele não é exemplo desta atuação. Foi um desastre. O Brasil tem corrupção, mas tem problemas tão ou muito maiores que isto. Dizer que a raiz dos males que afetam os nossos pais é a corrupção é reducionismo conceitual e intelectual. Estou doido que o infeliz saia candidato à presidência. É a oportunidade para todos saberem quem é o sujeito. 

SECOM - MAIS BAHIA 0424

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