E O MINISTRO DA EDUCAÇÃO NEM AÍ

Foto: Divulgação

Em seu périplo pelo Oriente Médio, praticando o seu esporte preferido, mentir a torto e a direito, Bolsonaro afirmou que a prova do ENEM teria a cara do atual governo e que não mais haveria aquelas provas que ele achava serem coisa de comunista e coisa do congênere.

Bem, é sabido que o presidente da república não sabe nada de nada. Ao que parece nunca leu um livro, mas este é outro assunto. O que espanta é ele dizer que uma prova que avalia uma enormidade de jovens para ingresso nas universidades Brasil afora, deve ter a cara do governo. O que isto significa? Primeiro lugar as avaliações do ENEM é ação de Estado, e não um ato de governo de plantão. Não é de hoje que Bolsonaro vem afirmando que iria direcionar as provas. Ele chegou a dizer que iria ler antes as avaliações para saber se haviam perguntas ideológicas ou não. Como ele é despreparado e incompetente, deveria saber que ninguém deve ter acesso as provas antes de sua aplicação. Afinal o sigilo é garantido por lei.

Como se não bastasse, na última semana 37 servidores do INEP pediram exoneração de seus cargos sob acusação de que havia interferência na elaboração das provas, e pasmem, ela já está na terceira versão. Segundo consta e isto deve ser apurado, se as acusações são verdadeiras. Chegava-se até a alterar questões, e que na sala de elaboração das questões havia um policial da Polícia Federal no ambiente. Lembrando que essas nomeações foram todas feitas pelo governo federal.

Segundo depoimento dos que saíram do INEP as interferências eram constantes e sempre na busca de dar uma “melhorada” nas provas do ENEM. Se tudo isto for verdade, é o típico caso de tiranete de pais de terceiro mundo. Mas se os problemas fossem estes, já seria muito. No entanto, tem coisas muito mais sérias na condução da pasta do ministério da Educação.

Primeiramente, na gestão Bolsonaro estamos com o quarto ministro da educação. Os três primeiros um horror. O penúltimo nem o idioma português conseguia dominar. Imaginem. O atual, não serve nem para limpar um quadro negro de giz. É de uma incompetência que não se tem nenhum parâmetro para mensurar. Ele não está ali para implementar uma política educacional que se mostre eficiente. Esta para atender a política ideológica de seu chefe. Os números da educação do Brasil somente pioraram na sua gestão.

Durante a pandemia não houve nada de concreto que minorasse as dificuldades dos alunos mais carentes para ter acesso às aulas. Não houve uma só política de atendimento ou planejamento eficiente. Quanto às universidades federais, o descaso é gritante. Supressão de recursos, interferência sempre que possível na autonomia destas instituições, geralmente movidos pela conversa mole da ideologia.

A pesquisa científica praticamente perdeu os recursos, as crianças e os adolescentes sem perspectiva de uma educação de melhor qualidade. Os índices que medem a qualidade desta educação nunca foram tão baixos. Aqueles que estabilizaram ou melhoraram é fruto de um avanço natural que muitas vezes independe de uma ação direta do governo.

Com a chegada da pandemia as coisas pioraram. Nada foi feito de concreto. E recursos não faltam. Mas de nada adianta dinheiro se quem é responsável pelo seu uso é de uma incompetência atroz. Os números não mentem. Vejamos: A UNICEF em relatório recente apontou que a situação da educação no Brasil é a pior em duas décadas. Segundo esta entidade 80% dos alunos entre 6 e 17 anso não tiveram acesso ao ensino a distancia ainda que matriculados, com impacto maior entre negros e pobres durante a pandemia. Dos 48,2 bilhões do orçamento para educação básica do ano de 2020, apenas usou apenas 32,5 bilhões. O menor valor em uma década. 16.6% das crianças e adolescentes de famílias de baixa renda não tiveram acesso à educação básica no ano de 2020. Números do IBGE.

Se estes números não significam incompetência, não entendo nada. Não vale a desculpa de que os erros do passado não se resolvem em quatro anos. O busílis não é este. Os números apontam retrocesso daquilo que já foi conquistado. Não se tem uma só nota que aponte os planos de Bolsonaro para a educação. Não há nada. Apenas a guerra ideológica, típico de um tiranete mequetrefe que governa o Brasil.

Não vou falar aqui da tentativa do presidente da república de tentar barrar de tudo quanto é jeito a liberação de três bilhões de reais para custear a implementação da internet nas escolas públicas por todo o Brasil. E quando se ouve que as provas do ENEM terão a cara do governo, somente prova o tipo de educação que Bolsonaro quer. Ele não tem uma só proposta ou projeto decente para melhorar as condições do ensino no Brasil.

Estamos caminhando para um verdadeiro apagão educacional sem precedentes na história recente de nosso país. Os gestores são de uma ruindade sem dó. Depois ficam falando que só falo mal do presidente da república. Mas se os fatos por si só provam o quanto caminhamos para o atraso e irrelevância no cenário internacional. Mas falta pouco. Ano que vem ele vai embora.

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