Reservatórios do país se aproximam do nível mínimo necessário para geração de energia elétrica

De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico, o nível médio de água nos principais reservatórios está hoje abaixo de 20%. Por medida de segurança, recomenda-se o desligamento das usinas quando a concentração de água chegar a 10%.

Foto: Divulgação

Vários reservatórios brasileiros estão se aproximando de atingir o nível mínimo necessário para geração de energia elétrica.

O nível de água dos principais reservatórios do país continua baixando e rápido. A situação é mais preocupante no conjunto de hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que concentra 70% de toda a água armazenada no Brasil.

De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico, o nível médio de água nesses reservatórios está hoje abaixo de 20%.

Uma das mais importantes, que é a de Furnas, tem apenas 16%. Outros reservatórios estão com o nível de água ainda mais baixo: é o caso de Ilha Solteira, Nova Ponte, Marimbondo, Emborcação e Itumbiara.

Por medida de segurança, recomenda-se o desligamento das usinas onde a concentração de água nos reservatórios chegar a 10%. Abaixo desse percentual, a operação das turbinas fica comprometida e há o risco de suspensão repentina do fornecimento de energia.

Um estudo do ONS divulgado no mês passado faz previsões sobre a produção de energia até novembro. A quantidade de água nos rios entre setembro do ano passado até agosto deste ano foi a pior já registrada desde o início da série histórica, há 91 anos.

O relatório diz ainda que a situação mais preocupante é a da bacia do rio Paraná, que no final de julho tinha apenas 18% do nível de água nos reservatórios, o nível mais baixo desde o ano 2000.

Há uma semana, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, responsabilizou a falta de chuva pela crise energética. E pediu para a população economizar energia. No mesmo dia, a conta de luz sumiu.

Nesta quarta-feira (8), em uma audiência pública na Câmara dos Deputados, o ex-presidente da Petrobras, Luiz Pinguelli Rosa, criticou a lentidão do governo.

“A crítica que eu faço é que isso demorou, com os indícios de que não estava bem a hidrologia já desde o ano passado. As curvas mostram que a afluência de água já mostrava um declínio e seria prudente que medidas fossem tomadas com antecedência”, argumenta.

Para o diretor do Instituto Ilumina, que reúne estudiosos do setor elétrico, o governo tem responsabilidade na crise.

“O que nós não conseguimos foi colocar outros investimentos que preservassem os reservatórios. Os reservatórios se esvaziam também quando você não tem investimento. O que não é verdade é achar que isso é uma surpresa, que fomos pegos de surpresa, de jeito nenhum”, afirma Roberto Araújo.

Segundo o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ, Nivalde José de Castro, o governo deveria ter acionado as termelétricas no final do ano passado, e há risco de cortes no fornecimento de energia nos horários de pico.

“Se o cenário for se degradando, ao nível dos reservatórios e nível de chuvas, possivelmente haverá necessidade de cortes, e nós ficamos ainda na dependência do programa de racionamento voluntário da indústria. E o programa para redução do consumo residencial, que também seria resposta à demanda, mas a população ainda não está esclarecida. Acho que isso é o que mereceria uma campanha de divulgação para evitar essa situação crítica que o cenário está nos colocando para os meses de outubro e novembro”, diz Castro.

O Ministério de Minas e Energia disse que o Operador Nacional do Sistema Elétrico está avaliando as condições de algumas usinas que já operam com nível dos reservatórios inferiores 10%. Afirmou também que tem flexibilizado regras para impedir o esvaziamento de hidrelétricas das regiões Sul e Sudeste, e que acionou termelétricas em outubro do ano passado.

Informações G1

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