Corpo de Adriano da Nóbrega está liberado para a família após perícia

Perito contratado pela família diz que não há sinais de tortura, mas resultado não é conclusivo. Polícia Civil e MP também realizaram necropsia no corpo de miliciano morto há 11 dias, na Bahia.

Foto: Divulga��o

O corpo do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como Capitão Adriano, foi liberado nesta sexta-feira (21) para ser retirado do Instituto Médico Legal pela família. A informação foi confirmada pela Polícia Civil do Rio.

Na quinta-feira (20), o corpo passou por uma nova perícia, determinada pela Justiça. Um perito particular contratado pela família disse que, a princípio, não havia indícios externos de tortura no corpo do miliciano Adriano da Nóbrega.

O perito Talvane de Moraes afirmou que a perícia durou cerca de quatro horas e meia, não é conclusiva, e material foi coletado para exames laboratoriais.

Também observou que o corpo estava embalsamado, o que altera as condições para o exame. Na quarta-feira, o G1 apurou que IML do RJ informou à Justiça que corpo do miliciano Adriano estava apodrecendo.

O perito esteve no IML contratado pela família de Adriano. Peritos da Polícia Civil do Rio e do Ministério Público do Rio de Janeiro também realizaram a nova necropsia, pedida pelo Ministério Público da Bahia. Até a última atualização desta reportagem, ambos os órgãos não haviam informado o resultado da necropsia.

Na manhã de terça-feira (18), o presidente Jair Bolsonaro também tinha pedido a realização de uma perícia independente da morte do miliciano.

Acusado de envolvimento com a milícia e de chefia um grupo de matadores no Rio, o ex-capitão da PM do Rio foi morto na madrugada de 9 de fevereiro em Esplanada, na Bahia. Ele estava foragido havia um ano e foi baleado por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) baiano durante um cerco.

O corpo de Adriano já havia passado por necrópsia no IML da Bahia. O segundo exame foi um pedido do Ministério Público baiano, acatado pela Justiça do estado.

MP pediu à Justiça que o Departamento de Perícia Técnica (DPT) do IML apure:

a direção que os projéteis percorreram no corpo;
o calibre das armas usadas nos disparos;
a distância entre os atiradores e Adriano;
e outras informações que considerem relevantes.
O senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, chegou a divulgar um vídeo de uma suposta perícia.

Na postagem, junto ao vídeo, o senador do Rio de Janeiro escreveu: "Perícia da Bahia (do governo PT) diz não ser possível afirmar se Adriano foi torturado. Foram 7 costelas quebradas, coronhada na cabeça, queimadura com ferro quente no peito, dois tiros à queima-roupa (um na garganta de baixo para cima e outro no tórax, que perfurou coração e pulmões)".

Em entrevista para jornalistas na quarta-feira, na saída de uma reunião no Senado, em Brasília, Rui Costa questionou a veracidade do vídeo.

"Como é que vou periciar um vídeo que circula na internet? Posso lhe garantir que aquilo não é nem do IML da Bahia, nem do IML do Rio. Imagens hoje, vocês que são de comunicação, editam do jeito que quiserem. Mas não são imagens dele [Adriano]. As imagens do corpo tem uma saída de bala nas costas e as costas [mostradas no vídeo] estão lisas", disse.

No semana passada, a Justiça do Rio proibiu a cremação do corpo do miliciano. O pedido de cremação havia sido feito pela família do ex-policial. O corpo chegou ao Rio no último domingo.

Em um documento enviado pelo IML do Rio à Justiça fluminense, a perita Luciana Lima afirma que o corpo não está em boas condições de conservação e que o IML não possui câmaras de congelamento.

O MP do Rio também vai analisar documentos e uma agenda encontrados pelos policiais baianos.


Informações G1

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