SERÁ QUE O QUE É BOM PARA OS EUA É BOM PARA O BRASIL?

Foto: Divulgação

 

“Se é bom para os EUA é bom para o Brasil”. Esta frase foi dita pelo primeiro embaixador brasileiro em Washington após a revolução de 64, Juracy Magalhães. Ela retrata bem através de ciclos históricos como se dá a relação entre os Estados Unidos e o Brasil. Entre distensões e tensões as relações sempre foram de respeito mutuo. No entanto alguns governos exerceram a prática de bajulação e subserviência com a ideia de que uma aproximação seria benéfica ao nosso país.

 

É comezinho no trato diplomático que se submeter e alinhar-se de forma incondicional de um país em relação ao outro é ruim em todos os sentidos. Esta relação pode ser tóxica quando um dos lados detém incrível força econômica e bélica. Por certo que a balança sempre penderá em favor do mais rico e poderoso. Foi assim e assim sempre será. Não há nestas relações interesses comuns, mas convergências de oportunidades. Explico. No momento que houver perdas para o mais rico, este não abrirá mão de suas convicções. Prevalecerá sempre seus interesses. O ouvinte dirá: Mas o mais fraco da relação poderia fazer o mesmo. Respondo. A perda será sempre maior e duradoura..

 

Porque trago estas considerações para o texto de hoje? Para comentar a atual relação politica entre o Brasil e o os EUA. O presidente da república Bolsonaro não esconde que privilegia apoio incondicional no estreitamento das relações diplomáticas com os americanos. Ele vê o agente laranja, que tem o nome de Donald Trump como ídolo. Seu ministro das relações exteriores já comparou o presidente americano a Deus. Reforço que não falou, escreveu mesmo. Em tempos atrás e não muito distante, nosso país já privilegiou uma aproximação com os nossos irmão do norte, mas nunca da forma subserviente como no atual governo.

 

A politica externa brasileira padece de muito tempo de descaminhos e escolhas erradas. No governo do PT o aparelhamento do Itamaraty foi a tônica destes desacertos. Neste período buscou alinhamento com as maiores ditaduras a pretexto de buscar uma liderança mundial que O Brasil nunca teve. Para mudar a configuração do conselho de segurança  com assento definitivo, valia ate emprestar a ditadores que sabidamente nunca pagariam a dívida.

 

Com a chegada de Bolsonaro a coisa mudou, porém para pior. A escolha do chanceler e a demonstração daquilo que não se deve ter como politica externa. As concepções ideológicas do ministro do exterior beiram ao ridículo. Não há uma só ideia que mereça respeito. Fala de uma coisa chamada globalismo que tem o peso acadêmico de um chumaço de algodão. Pensa o distinto que há uma conspiração mundial promovida pelas esquerdas com a intensão de governar o mundo. Tais ideias me faz lembrar aquele personagem de desenho animado Pink e Cérebro. Ainda não sei onde se enquadra em qual destes personagens o distinto ministro.

 

A subserviência do atual governo ao Donald Trump trouxe prejuízos nas relações diplomáticas. E são inúmeras estas desvantagens. Entre elas a desnecessidade de visto ao cidadão americano que deseja visitar o Brasil, sem contra partida igual pelo governo americano. Neste tipo de negociação diplomática estas concessões devem ser mútuas. Mas a desculpa foi de isto aumentaria o número de turistas americanos que desejam visitar nosso pais. O argumento é tão tosco e equivocado que não se sustenta. Pelo simples fato de quem deseja visitar um país não será a exigência de um visto para ingressar que o impedirá de viajar. E até agora não houve aumento significativo de mais turistas americanos.

 

Outra foi a promessa americana de promover esforços de ingressar no Brasil na OCDE. Não demorou muito o governo americano ao enviar carta a organização que intercederia a  inclusão de novos sócios o Brasil não estava nesta lista. Estava a Argentina. Questionado a diplomacia americana se fez de desenganada. Como na pais platino ouve uma virada politica com a ascensão da esquerda, Trump tirou a Argentina e incluiu o Brasil.  Humilhante. E detalhe que os desavisados tirados a sabedores não sabem. Do ponto de vista econômico é péssimo a entrada na OCDE.

 

E para piora as coisas, o governo americano no dia de ontem (11/02)  publica uma norma que retira do Brasil e de outros países determinadas vantagens comerciais. O que isto significa? Se ficar comprovado que houve concessões de subsídios acima de um teto aos produtos de exportação, os EUA poderão impor sanções de toda ordem. Mas para os bolsonaristas alinhamento com a América é fundamental para termos relevância internacional. Desde o estreitamento incondicional do ponto de vista politico e diplomático do Brasil com os americanos não se viu uma só vez uma compensação pelas medidas adotadas de forma unilateral pelos EUA. É a politica da sabujice burra de aproximação ao governo americano.

 

Pela qualidade do chanceler brasileiro e a ideologia do governo a nossa diplomacia já perdeu credibilidade nos canais diplomáticos. São quase vinte anos  de estrago de uma das joias do serviço público brasileiro: A nossa diplomacia. 

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