Doação de Leite Materno: ainda falta alimento para 45% dos recém-nascidos brasileiros

Com o objetivo de conscientizar gestantes e mães sobre a importância de doar leite materno, o Ministério da Saúde lançou nesta sexta-feira (17), a Campanha Nacional de Doação de Leite 2019

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Quando um bebê prematuro ou de baixo peso nasce, nem sempre ele pode ser alimentado diretamente nos seios de suas mães. Nem sempre as mães conseguem amamentá-los ou extrair o leite para alimentar seus filhos. Em paralelo a isso, a cada ano, nascem 330 mil bebês prematuros ou de baixo peso no Brasil - o que corresponde a 11% do total de crianças nascidas no país. Por isso, a doação de leite materno é tão importante. 

Ao receber o leite humano, a criança tem mais chances de se recuperar mais rápido e se desenvolver com saúde, ficando protegida de infecções, diarreias e alergias. Além disso, a doação também representa uma importante economia de recursos para o país, já que reduz o tempo de internação dos pacientes.

Com o objetivo de aumentar o número de doadoras e o volume de leite materno coletado para beneficiar os recém-nascidos internados nas UTIs neonatais de todo o país, o Ministério da Saúde lançou nesta sexta-feira (17), a Campanha Nacional de Doação de Leite Materno 2019. O evento, realizado em parceria com a Rede Global de Bancos de Leite Humano, foi transmitido ao vivo pelo Portal do Ministério da Saúde, no Facebook.

Segundo a Coordenadora Geral de Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, Cláudia Puerari, o tema da campanha deste ano é "Doe leite materno, alimente a vida". "A meta é aumentar em 15% o volume de leite coletado e o número de doadoras. E é importante que essas doações aconteçam durante todo o ano e não somente nos períodos de campanha, principalmente nos momentos de férias e final de ano em que as doações caem bastante", alertou.

De acordo com ela, foram coletados entre 2008 e 2018, mais de 1,8 milhões de mulheres doaram leite e 2 milhões de recem-nascidos foram beneficiados com aproximadamente 2 milhões de litros materno. Parece muito, mas infelizmente não é o suficiente. "Em 11 anos, cresceu em 30% a quantidade de leite coletada. Mas ela ainda não é suficiente para atender a todos os bebês. 45% das crianças que nascem prematuras ou com baixo peso não receberam doação de leite humano", concluiu a coordenadora. Portanto, no período de 17 a 31 de maio, haverá uma ampla divulgação da campanha por meio dos veículos de comunicação. 

ENTENDA A DOAÇÃO DE LEITE

Toda mulher que estiver amamentando pode ser uma doadora de leite humano. Basta ser saudável e não tomar medicamentos que interfiram na amamentação. É importante que todas as mulheres saibam que ao doar seu leite, ela não estará prejudicando seu bebê. Pelo contrário, quanto mais ela amamenta ou doa, mais leite produz. Além disso, praticamente não há riscos de transmissão de qualquer doença. Todo leite doado é analisado, pasteurizado e submetido a um rigoroso controle de qualidade antes de ser oferecido a uma criança.

SAIBA COMO DOAR

Antes de fazer a ordenha, a mama deve ser lavada apenas com água e, sem seguida, seca com uma toalha limpa. Para evitar a contaminação, as doadoras devem tomar o cuidado de cobrir os cabelos com um lenço ou usar uma touca. O leite deve ser coletado em local limpo e tranquilo, e pode ficar no freezer ou no congelador da geladeira por até 10 dias. Nesse período, deve ser levado até o Banco de Leite mais próximo da sua casa. Ao todo, são 225 bancos de leite espalhados pelo Brasil e 212 postos de coleta, que é onde as doações podem ser entregues. Aqui você encontra o local mais próximo de você. Se preferir, você também pode ligar para o Disque Saúde no 136.

Não é exigido um volume mínimo de leite materno para doação. Qualquer quantidade é importante. Um pote de 300 ml de leite pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia. Dependendo do peso do prematuro, 1 ml já é o suficiente para nutri-lo a cada vez que ele for alimentado. Segundo o Ministério da Saúde, nos últimos 10 anos, quase 2 milhões de bebês foram beneficiados com a doação de leite materno no Brasil.

REDE DE PROTEÇÃO À VIDA

"No dia 19 de maio, comemoramos o Dia Mundial de Doação de Leite Humano. E foi o Brasil que propôs, em 2004, a criação dessa data. Então, é extremamente importante que a gente não perca isso de vista. Somos, hoje, uma referência para todo o hemisfério norte com a tecnologia que foi desenvolvida aqui, formando essa que é uma verdadeira rede de proteção à vida", disse João Aprigio Guerra de Almeida, coordenador da Rede Global de Bancos de Leite Humano.

Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (Foto: Reprodução)
Ministro Luiz Henrique Mandetta (Foto: Reprodução)


"De tudo o que a gente pode fazer - tubos, aparelhos, tecnologisas -, o leite materno é insubstituível, é primordial, e é com ele que a gente vai conseguir ganhar a louca batalha da vida contra a morte", disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. "O nosso desafio é fazer da doação um ato de amor, de entendimento ao próximo, e essas campanhas não são direcionadas ao ego das pessoas, mas para os bebês, eles é que são a vida pulsando na nossa frente. Então, compartilhe, fale, converse, utilize sua rede. Hoje é sua amiga, amanhã é você quem pode estar precisando", completou.

"O amor é a força mais poderosa que existe nesse planeta. Na presença do amor, o medo, a violência, a escassez, a doença, tudo fica insiginificante. Estamos aqui para celebrar isso. O amor faz que uma vida que esteja em risco, se torne forte. E a gente é a prova de que essa rede de apoio é possível, e é transformadora", declarou, durante a solenidade de lançamento da campanha, a atriz Maria Paula Fidalgo, que foi doadora de leite e é Embaixadora dos Bancos de Leite Humano do Brasil. "Quero compartilhar essa minha emoção com todas as mães que tem leite em excesso e esse coração, esse amor grande de doar o excesso para outras crianças", completou dona Ilza que foi doadora de leite há 45 anos.



Informações Revista Crescer

PMFS - Micareta 05

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