Entenda a guerra comercial e seus possíveis impactos

EUA e China vêm trocando ameaças e anunciando barreiras comerciais; medidas atingem também outros países, causando temores sobre impacto na economia global.

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A “guerra comercial” entre os Estados Unidos e diversos países – especialmente a China – vem preocupando os mercados financeiros no mundo todo. Enquanto crescem as incertezas sobre os impactos sobre a economia global, os principais envolvidos na disputa seguem trocando ameaças e anunciando novas barreiras comerciais.

No último encontro do G20, em Buenos Aires, os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, negociaram uma trégua temporária que adiou um aumento de tarifas planejado para 1º de janeiro, enquanto as duas partes negociam um pacto comercial. Mas as tensões voltaram a aumentar após a diretora financeira do grupo de telecomunicações chinês Huawei, Wanzhou Meng, ser presa a pedido dos EUA. A acusação é de desrespeitar as sanções dos EUA ao Irã.

O economista chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, comenta que isso serviu para adicionar ainda mais incertezas sobre o acordo em si. "O contexto ainda é de dúvida do que vai ser da questão 'guerra comercial', é tudo muito preliminar. Mas esse fato não colabora, obviamente, é péssimo."

O que é a 'guerra comercial'?

A China já vinha sendo acusada por diversos países de não ser um mercado verdadeiramente aberto. "A China se fecha muito para produtos com alto valor agregado (como manufaturados), se abre mais para os básicos. E existe uma grande demanda global, países que querem se aproveitar daquele mercado", explica Vieira.

Embora as discussões e queixas sobre o comércio exterior com a China não sejam recentes nos EUA, foi no começo de 2018 que o presidente do país, Donald Trump, começou a anunciar medidas protecionistas que atingiam diversos setores de diferentes países. Entre eles, o principal impactado foi o mercado chinês.

As alegações do governo norte-americano incluem a necessidade de reduzir o déficit comercial do país com a China, que chegou ao recorde anual de US$ 375 bilhões em 2017 – ou seja, os EUA querem reduzir a diferença entre o valor total de produtos que compram e vendem dos chineses.

Mesmo com as medidas já anunciadas, porém, isso não aconteceu. Em outubro, o Departamento do Comércio dos EUA informou que o déficit de produtos com os chineses subiu 7,1% em setembro, para US$ 43,1 bilhões - um novo recorde mensal.

Na esteira dos anúncios de taxas extras sobre a importação de produtos chineses, Trump também lançou medidas protecionistas que atingiram outros países da União Europeia, Canadá, México, Estados Unidos, Turquia e Brasil.

Em meio às incertezas do mercado sobre as mudanças, essa sequência de anúncios ganhou o nome de “guerra comercial” porque a China passou a lançar medidas e ameaças em retaliação aos Estados Unidos. O mesmo aconteceu com a União Europeia, porém em menor medida.

As barreiras comerciais também vêm causando uma série de reclamações à Organização Mundial do Comércio (OMC), além de impactos sobre as bolsas de valores pelo mundo.

Os números da 'guerra comercial'

As medidas já anunciadas até agora somam bilhões em produtos comercializados. Segundo levantamento da BBC, os EUA já aplicaram tarifas sobre US$ 250 bilhões em produtos chineses e ameaçaram taxar outros US$ 267 bilhões. A China, por sua vez, fixou tarifas sobre bens americanos no valor total de US$ 110 bilhões.

Já um relatório do grupo de monitoramento de restrições comerciais do G20 aponta que as restrições comerciais dos Estados Unidos atingiram US$ 369 bilhões em exportações chinesas neste ano, muito acima dos US$ 278 bilhões afetados apenas por tarifas.

Ao mesmo tempo, tarifas retaliatórias chinesas afetaram US$ 87,5 bilhões em exportações dos EUA neste ano. Os dados são do relatório de Alerta Comercial Global, produzido por Simon Evenett e Johannes Fritz na Universidade de St Gallen na Suíça.

G1

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