Representante do Concidade diz que comunidade precisa acreditar no trem Feira/Salvador

Empresas extrangeiras já manifestaram interesse na realização da obra através de parceiria público-privada

Arquivo pessoal

A recente “demonstração de interesse” do governador Rui Costa em relação ao projeto que prevê viabilização do percurso Feira/Salvador por meio de um trem, enquanto passou em campanha para segundo turno e agradecimento pela reeleição, em Feira de Santana, nesta segunda (23), foi considerada muito importante para Sérgio Aras, representante do Conselho Estadual das Cidades (Concidade). “Isso mostra que o Estado tem a intenção em dar uma celeridade e demonstra viabilidade desse projeto que já vinha sendo discutido internamente no Conselho, chegando à voz do governador, como um reconhecimento do que vem sendo desenvolvido”, disse.

No Concidade existem três vertentes de trabalho atuando nas áreas de habitação, de saneamento básico e de mobilidade urbana, setor em que além de Sérgio Aras, representando entidades empresariais do Portal do Sertão, estão o diretor de mobilidade da Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado, Danilo Ferreira, e o engenheiro Mario Augusto, que representa entidades profissionais da região. O grupo de mobilidade já está, há mais de um ano, priorizando o estudo  que, segundo Aras, terá aprovação e levará a instalação do “trem Intercity”, como chama, nos modais de carga e passageiros.

A empresa francesa Auston e coreana Hyundai  se pronunciaram, enviando documento ao Concidade com cópia para o Estado (clique e veja), sobre interesse em parceria público-privado (PPP), para que seja realizada a obra que trará beneficio tanto para a capital baiana quanto para a segunda maior cidade do estado. Sérgio Aras afirma que entidades empresariais de Feira de Santana demonstram, em reuniões, estarem muito seguras de que há uma legitimidade para o desenvolvimento da instalação desse sistema de transporte.

“As parceiras público-privadas (PPP) têm dado bastante possibilidade para a Bahia, como no caso do metrô de Salvador e outras obras que estão sendo gestadas. Então o Conselho da Cidade entende que no momento em que os investidores dão ‘sinal verde’, possivelmente estão aguardando apenas a conclusão do processo eleitoral para manter novos contatos e quem sabe, a gente ter no mais breve espaço de tempo possível o reinício dos estudos que viabilizarão esse transporte”, apontou Aras.

O Concidade não avalia sobre a possibilidade de o governo investir ou não em uma obra, mas oferece a compreensão de que o projeto é entendido pela comunidade como um caminho necessário. “O Conselho faz sua parte, mas existe o que a gente chama de pressão popular, as pessoas têm que querer, acreditar que é possível e manifestar isso pelos mais diversos canais como se escolhessem esse tema da mesma maneira que escolhem um time de futebol da sua preferência para torcer e vestir a camisa”, incentiva o envolvimento popular. Existe a pretensão de instalar o Conselho Municipal de Feira de Santana no qual as pessoas poderão se reunir e priorizar tal discussão.

Somam a favor do Intercity, o volume de passageiros a ser transportado, o desenvolvimento econômico para ambas as cidades e o encaminhamento para implantação da estação Rodoferroviária em Salvador – a atual estação rodoviária de Salvador, próxima ao Shopping da Bahia, deverá ser transferida para Águas Claras e, em jus ao nome do projeto, a estação será pavimentada para integrar as opções de ônibus, metrô e possivelmente o trem. “É uma reviravolta grande em favor da mobilidade urbana, transformando Salvador numa capital de primeiro mundo”, observa o conselheiro.

Em Feira de Santana, o estudo do Concidade indica o espaço, entre a BR 101 e o Posto São Gonçalo, com área de cerca de 1 milhão de m², onde poderia ser instalada a estação principal, com pátios de embarque/desembarque e carga/descarga em horários diferenciados. O passageiro, que percorreria Salvador/Feira com apenas 5 paradas, em cerca de 150km/h no prazo de 47 minutos, poderia se deslocar para a região central da cidade através de transportes adicionais, como o BRT ou mesmo se direcionar ao aeroporto, caso previsto também na capital.

CONCIDADE

Lei vigente para dar o “tom democrático ao planejamento das cidades e uso dos espaços urbanos”, o Estatuto da Cidade tem entre seus preceitos uma gestão divida de forma tripartite paritária entre empresários, trabalhadores, entidades governamentais e não governamentais. Por esse motivo, existe o Conselho Estadual das Cidades (Concidade) e a proposta para que os municípios tenham os Conselhos Municipais.

Como os municípios ainda não têm os Conselhos Municipais, a cada dois anos é realizada a Conferência Municipal da Cidade que elege os representantes para Conferência Estadual das Cidades em que acontece a eleição dos conselheiros para o ofício voluntário. Este Conselho se reúne a cada dois meses e, na Bahia, conta com três grupos de trabalho, o de habitação, o de saneamento básico e o de mobilidade urbana. Todo e qualquer projeto do governo municipal, estadual ou federal é passado para que o Concidade avalie a viabilidade e acompanhe.

Com informações de Miro Nascimento

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