Cansamos. E no momento mais importante

Foto: Divulgação

Eu poderia intitular esse comentário como 'as pessoas cansaram', mas vou me incluir nessa. Sim, eu também estou cansado da quarentena, isolamento social, #fiqueemcasa e tudo mais. A pandemia nos tirou direitos básicos como o de nos reunir com os amigos, ir ao cinema, jogar uma partida de futebol, ir à academia ou fazer um simples passeio. Por mais que goste de ficar em casa, fazer isso por obrigação não tem a menor graça. Mas então, por isso, vou 'normalizar' a minha vida, sair por aí para fazer um passeio, disputar uma partida de futebol ou fazer uma festa? Nem pensar.

Não têm sido raros em nossos programas, relatos de ouvintes e leitores deste portal de notícias, que dizem ter visto, em vários pontos da cidade, pessoas aglomeradas em bares (mesmo que eles não estejam autorizados a funcionar), promovendo festas, até com paredões – aquela imensidão de som, que pode superar os limites de decibéis de um trio elétrico, além de partidas de futebol, entre outras atividades, que costumam reunir uma grande quantidade de pessoas. Não vou dizer que não entendo toda essa vontade das pessoas de se reunirem. Já disse aqui que também estou cansado de me privar de tanta coisa, e com saudades de fazer quase tudo isso que citei (com exceção dos paredões. Esses, eu passo), mas o que não dá pra entender é o fato das pessoas colocarem suas vontades pessoais acima de um problema de saúde pública. Já foi dito exaustivamente em todos os meios de comunicação (inclusive aqui, nesta coluna), que existe a necessidade do isolamento social, temporariamente, para frear a infecção em massa pela qual estamos passando do novo coronavírus, e evitar que o número de pessoas que precisam de atendimento médico por causa da Covid-19 seja maior do que a oferta de leitos hospitalares. E isso já chegou a acontecer aqui em Feira, há pouco mais de duas semanas.

Ontem, foi inaugurado aqui na cidade, o Hospital Clériston Andrade 2, que nesse momento inicial de funcionamento, vai disponibilizar seus 40 leitos de UTI para o tratamento das pessoas que apresentam quadros mais graves da doença. No momento em que isso acontecia, a cidade só tinha 3 leitos disponíveis, em hospitais públicos, para receber esses pacientes (os outros 25, já estavam ocupados). Coincidentemente, ou não, foi o mesmo dia em que a cidade começou a ter o 'toque de recolher', medida tomada pelos governos estadual e municipal, em conjunto, que proíbe a livre circulação de pessoas (com algumas exceções) nas ruas da cidade das 18 às 05 horas, até domingo. Ou seja, essa é uma das raras situações em que não podemos colocar a culpa no poder público pelo problema de saúde pública. Pelo menos no momento, dispomos de 68 leitos de UTI, e isso dá uma 'margem' para o atendimento dos pacientes. Agora, além de continuar cobrando as autoridades (e cobramos, para que o hospital fosse logo entregue), precisamos que cada um faça a sua parte com o mínimo, que é evitar as aglomerações. Infelizmente, esse tem sido o grande problema. Por causa da falta de consciência de muitos, estamos falhando.

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