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Bahia: taxas de conclusão e desistência no ensino superior estão entre as cinco piores do país

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Mais da metade dos estudantes que ingressam nas instituições de ensino superior na Bahia desistem do curso. Isso é o que revela o Mapa do Ensino Superior do Brasil, divulgado na última quarta-feira (12) pelo Ministério da Educação (MEC). De acordo com a publicação, a taxa de desistência na Bahia é de 57,9%, sendo a quinta pior do país. A taxa de conclusão, por sua vez, é de 18,3%, sendo a quinta menor entre os estados brasileiros.

O cenário de abandono do curso por estudantes só é mais crítico nos estados do Amapá (64,5%), Mato Grosso do Sul (59,9%), Roraima (59%) e São Paulo (58,8%). A publicação ressalta que, ainda que a educação superior brasileira nunca tenha tido tantos alunos matriculados, os desafios de acesso e permanência seguem os mesmos, e que a taxa elevada de desistência aponta a carência de políticas públicas robustas que favoreçam a permanência dos estudantes na educação superior.

Para Roberto Sidnei Macedo, professor titular e ex-diretor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Faced/Ufba), a baixa taxa de conclusão está intrinsecamente ligada à alta taxa de desistência. Ele afirma que três fatores ajudam a explicar a motivação para tantos estudantes evadirem do ensino superior. O primeiro deles é a dificuldade de, por vezes, o currículo acadêmico ser relevante para o mundo do trabalho.

“É preciso fazer com que os currículos dos cursos universitários sejam mais relevantes e pertinentes no que concerne ao que o mundo do trabalho está demandando ou mesmo à forma como a sociedade contemporânea está exigindo alguns tipos de saberes. A universidade deveria se abrir para o conjunto de componentes curriculares que possam dar resposta ao mundo do trabalho, porque é isso que fica mais evidente para os estudantes se motivarem a continuar estudando”, afirma.

O segundo fator apontado por Roberto Sidnei Macedo é a dificuldade de garantir os meios necessários à permanência dos estudantes, que ainda é limitado nas redes públicas de ensino superior e quase inexistente nas instituições privadas. “Os programas de permanência precisam ser ampliados para que cheguem a um conjunto de estudantes, dando os incentivos e as condições, principalmente, para aqueles que não têm as condições financeiras para acessar, por exemplo, as tecnologias que dão dimensão da importância do saber digital”, defende.

A estudante Karine Lima, 23 anos, conta que desistiu do curso de Língua Estrangeira na Ufba após três semestres por uma combinação dos dois fatores acima. “Moro em Camaçari, então existia um transtorno enorme para chegar, sempre atrasada e muitas vezes perdendo aula. Também, desisti por não gostar do curso. Tenho uma facilidade com inglês, mas, quando chegou na parte técnica e histórica, não me cativou”, diz.

Ao conseguir uma bolsa pelo Prouni, Karine teve a oportunidade de cursar Psicologia, o curso que sempre sonhou, e agarrou a chance. “Me sinto imensamente realizada, amo estudar nesse curso, além da faculdade ser mais perto desta vez”, completa.

No caso do analista de desenvolvimento de sistemas Victor Macedo, 24, a desistência do curso de Análise de Sistemas no Instituto Federal da Bahia (Ifba) aconteceu por incompatibilidade de agenda, modalidade de curso e gastos altos com transporte. “Havia a questão da conciliação com o meu trabalho. Eu ficava bastante cansado e não rendia nos meus estudos. Já estava bem-posicionado no mercado de trabalho com ótimos salários e, com isso, acabei não dando mais tanta importância para graduação”, fala.

“A modalidade era presencial, o que tomava bastante tempo de deslocamento e, também, bastante recurso financeiro, visto que eu não possuía veículo e não pegava transporte público por conta da segurança. O valor mensal gasto com transporte por aplicativo estava sendo maior que o custo da mensalidade de uma universidade privada”, destaca.

Por conta dessas dificuldades, Victor desistiu do curso no Ifba e decidiu continuar os estudos em outra universidade, na modalidade à distância. “Me sinto muito realizado porque a grade do curso é mais atualizada, as mensalidades são ótimas e posso cursar no conforto da minha casa, ou melhor, de onde eu quiser”, conclui.

Acessibilidade e desnivelamento de saberes

O terceiro fator que contribui, na visão do ex-diretor da Faced, para a evasão do ensino superior é a tradição de reprovação de determinados cursos. Roberto Sidnei Macedo ressalta que determinados cursos, como Matemática e Física, têm histórico de formar poucos alunos, ao que atribui à forma com que o processo de aprendizado sobre os assuntos é construído. Isso significa dizer que, em muitas faculdades, o ensino não é acessível a todos.

A forma com que determinados assuntos são repassados aos alunos, inclusive, não levam em conta que há desníveis de aprendizado no sistema de ensino brasileiro. Para o especialista, as instituições de ensino superior ainda precisam avançar no entendimento do processo de aprendizado dos discentes.

“A universidade compreende pouco a aprendizagem que ela tenta mediar e não há política pública para cuidar da aprendizagem que está acontecendo. Ou seja, essa é uma solidão e um vazio. Há situações em que não são dadas as condições para que essa aprendizagem aconteça de forma assistida, e isso impacta diretamente a experiência dos alunos”, frisa.

Mudanças de rota

Apesar das taxas de desistência configurarem um alerta na educação superior, nem sempre quem desiste está abrindo mão dos estudos. No caso do estudante Caio Pimentel, 24, o fato de ter desistido de três cursos foi importante para descobrir exatamente o que queria fazer.

“Eu saí da escola e não sabia direito o que queria. A única coisa que eu sabia é que tinha um certo interesse por construção e arquitetura, porque eu jogava The Sims e gostava de matemática no Ensino Médio. Então, fiz um semestre de Engenharia Civil em uma faculdade particular com bolsa completa, mas continuei querendo entrar na Ufba”, conta.

“Quando passei, eu consegui entrar em Engenharia Ambiental e acabei gostando, porque me envolvi em alguns projetos, mas percebi que gostava dos processos organizacionais e de gestão de pessoas, não da área. Foi quando notei que, para mim, fazia mais sentido fazer Psicologia. De novo, fiz Enem, mas não passei logo e entrei no Bacharelado Interdisciplinar (B.I)”, acrescenta.

Depois de um semestre cursando o B.I de Humanidades, Caio, enfim, foi aprovado em Psicologia, curso este que garante que não quer mais trocar. “Hoje, sou muito mais realizado e faz muito sentido para mim. Não vejo outro curso que eu faria. Minha jornada, mesmo com diversas desistências e mudanças de rota, foi importante para a minha construção profissional”, pontua.

Quem também vê como importante o que abriu mão no passado é a nutricionista Julia Villa Nova, 24, que desistiu do curso de Engenharia Química após três anos de formação. “Percebi que o ambiente e o ritmo de trabalho de uma engenheira não era o que eu queria para a minha vida. Era muito estressante. Então, busquei um curso onde eu pudesse estudar e atuar com algo que eu realmente gostasse na vida pessoal. Sempre gostei de esportes e de estudar sobre alimentação, então decidi mudar para nutrição e foi a melhor coisa que eu fiz”, relata.

Foi deixando para trás o curso de Publicidade e Propaganda, em 2009, que a advogada Alini Melo, 35, encontrou a verdadeira vocação. “Não me identifiquei com as atividades próprias da função de Publicidade e Propaganda. Além disso, a remuneração média e a possibilidade de crescimento não pareciam interessantes naquela ocasião. Fiz Direito e me encontrei na advocacia previdenciária”, finaliza.

 

Informações Correio da Bahia

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