O italiano Carlo Ancelotti passou a ocupar o centro das atenções no cenário do futebol mundial desde que foi oficialmente anunciado como técnico da Seleção Brasileira. A expectativa é alta — e o desafio também.
Para conquistar a Copa do Mundo com a Amarelinha, o treinador terá que romper uma tradição que perdura há quase um século: nenhuma seleção foi campeã mundial sob o comando de um técnico estrangeiro.
O dado foi levantado pela plataforma de inteligência esportiva Oddspedia, que analisou as 22 edições já realizadas da Copa do Mundo, desde 1930. Em todas elas, sem exceção, os técnicos campeões foram da mesma nacionalidade das seleções vencedoras.
A estatística reforça o tamanho do desafio que Ancelotti terá pela frente ao comandar o Brasil no próximo Mundial. Multicampeão por clubes como Milan e Real Madrid, ele pode se tornar o primeiro estrangeiro da história a levantar o troféu por uma seleção de outro país.
Uma tradição que pesa
A influência do técnico sobre a seleção nacional vai além da parte tática. Muitos especialistas apontam o vínculo cultural, linguístico e simbólico como fatores decisivos para o sucesso nas Copas. Isso ajuda a explicar por que até mesmo os vice-campeões, salvo raras exceções, também mantiveram esse alinhamento nacional.
A única exceção registrada foi em 1978, quando a Holanda chegou à final sob o comando do austríaco Ernst Happel, sendo derrotada pela Argentina. Desde então, tanto campeões quanto vices mantiveram a mesma nacionalidade entre seleção e treinador.
Veja os técnicos campeões da Copa e suas nacionalidades:
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– 1930 (Uruguai): José Leandro Andrade (uruguaio)
– 1934 (Itália): Vittorio Pozzo (italiano)
– 1938 (Itália): Vittorio Pozzo (italiano)
– 1950 (Uruguai): Juan José Pedernera (uruguaio)
– 1954 (Alemanha): Sepp Herberger (alemão)
– 1958 (Brasil): Vicente Feola (brasileiro)
– 1962 (Brasil): Aymoré Moreira (brasileiro)
– 1966 (Inglaterra): Alf Ramsey (inglês)
– 1970 (Brasil): João Havelange (brasileiro)
– 1974 (Alemanha): Helmut Schön (alemão)
– 1978 (Argentina): César Menotti (argentino)
– 1982 (Itália): Enzo Bearzot (italiano)
– 1986 (Argentina): Carlos Bilardo (argentino)
– 1990 (Alemanha): Franz Beckenbauer (alemão)
– 1994 (Brasil): Carlos Alberto Parreira (brasileiro)
– 1998 (França): Aimé Jacquet (francês)
– 2002 (Brasil): Luiz Felipe Scolari (brasileiro)
– 2006 (Itália): Marcello Lippi (italiano)
– 2010 (Espanha): Vicente del Bosque (espanhol)
– 2014 (Alemanha): Joachim Löw (alemão)
– 2018 (França): Didier Deschamps (francês)
– 2022 (Argentina): Lionel Scaloni (argentino)
Ao aceitar o comando do Brasil, Ancelotti não só assumirá a pressão de um país pentacampeão — ele também terá a chance de reescrever a história das Copas, quebrando um dos tabus mais antigos do torneio. Resta saber se o italiano conseguirá transformar essa barreira em mais um feito em sua carreira vitoriosa.