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A ELEIÇÃO AMERICANA

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No próximo dia 05 de novembro será realizado as eleições americanas para o cargo de presidente da república. A disputa se dá entre os candidatos Kamala Harris e Donald Trump.

Num processo eleitoral confuso e surreal, a maior potência econômica e militar do mundo ainda não encontrou um modelo mais simples de escolha de seu chefe do executivo. Se vota pelo correio antes da data, cada cidade tem regras próprias para realizar o pleito eleitoral, a eleição é indireta, pois se vota nos delegados de cada estado e pasmem, o candidato à presidência da república mais votado nas urnas pode não ganhar a eleição.Enfim, uma bagunça que vem aos trancos e barrancos nos últimos duzentos anos dando certo.

Quando os fundadores da democracia americana, chamado de “pais da pátria” por eles, pensaram num modelo de governança, isso lá nos fins do século XVIII, funcionava bem para as 13 ex-colônias inglesas. Acontece que a América no século seguinte mais que quadruplicou o seu tamanho territorial e com isso trouxe diferenças regionais gritantes. O máximo que mudaram ao longo desses anos no processo eleitoral foi definir no uma reeleição para a presidência da república.

Atualmente os EUA têm mais de 50 partidos políticos, no entanto, em razão de uma legislação draconiana, somente dois conseguem ter representatividade no poder legislativo. São eles o Partido Democrata e o Partido Republicano. E é assim por mais de duzentos anos. E todas as correntes ideológicas devem se abrigar em dos dois partidos. Raramente há dissidências ou trocas partidárias. Isso permite, por exemplo, que mesmo o mais destrambelhado dos líderes de um desses partidos não leve ao afastamento de seus eleitores ou fuga de parlamentares para o partido oposto. Um exemplo é o Trump. Figura execrável em todos os sentidos, os republicanos estão fechados com ele. Não importa o que faça ou diga, todos do partido estão com ele. Isso torna todos os republicanos detestáveis? Não! Tem gente com cérebro nas suas hostes. São poucos, mas tem. Abrahão Lincoln era do partido republicano, por exemplo.

O atual pleito entre Kamala e Trump na disputa para a Casa Branca, talvez seja o mais acirrado da história americana. A imprevisibilidade, coisa incomum numa eleição americana para presidente da república, vem dividindo o país de uma forma nunca vista.

De um lado temos o partido democrata que após a desistência de Biden, teve que se reorganizar com uma nova candidatura no meio da campanha presidencial. Seguindo as regras e a tradição, escolhem a vice-presidente americana. No início os medalhões democratas ficaram meio reticentes em aceitá-la. O que seria uma aposta arriscada, logo se transformou num trunfo para concorrer com o pilantra do Trump. Articulada, inteligente e uma carreira profissional e política impecável, tem sido considerada por analistas políticos a personagem que salvará a América do desastre se seu oponente se eleger.

Do lado dos republicanos temos a figura inefável, ou seja, sem explicação, que destila o seu fascismo para todos os lados, o patético Donald Trump.

O Trump é a representação incontestável do americano alienado, preconceituoso, racista e ignorante, muito comum em parcela significativa na sociedade americana. Essa parcela da sociedade que se concentrava no meio oeste americano e que não era tão presente nos grandes centros, viu na figura deletéria de seu candidato a chance de pôr em práticas as sandices do conservadorismo tosco e da extrema direita. Em contrapartida, existe uma enorme e consistente parcela de americanos que não comungam com o atraso explicitado pelo trumpismo. Foram esses americanos que fizeram a América rica e próspera dos dias de hoje.

A vitória de Trump significa o que é mais de reacionário que possa existir no mundo da política (tem pateta brasileiro que idolatra o intragável Trump, mas isto tem explicação e falo em outra hora os motivos). Suas ideias beiram o ridículo. A existência de um Trump com chances reais de ganhar uma eleição presidencial, em razão dos crimes que cometeu no passado, só é possível devido ao peculiar modo americano de preservar seus presidentes da república e o modo como se dá o pleito eleitoral. Se fosse no Brasil, em razão de nossas leis, uma figura como Trump com certeza já estaria no xilindró. Mas a América não é o Brasil!

Os fundadores da nação americana ao redigir a sua constituição acreditavam que somente pessoas virtuosas comandaram os Estados Unidos. Ao longo de sua história de fato isso ocorreu. Mas os tempos atuais são outros. Os atuais mecanismos de controle da democracia americana não impediram o surgimento de uma figura tosca e extremista como o Trump. Agora eles estão passando pela prova mais dura de sua democracia. Estão entre a escolha da barbárie e a civilidade. Se suas escolhas afetasse somente os EUA, não haveria maiores consequências, mas estamos falando do país mais rico e militarizado do mundo e o que acontece lá, o mundo sente.

Sinceramente não sem quem vai ganhar as eleições presidenciais americanas. Espero que as fatias civilizadas, cultas e democráticas dos EUA, que são a maioria, joguem na lata do lixo Trump e todas as suas idiossincrasias. Kamala pode até ser mais do mesmo, mas pelo menos ela representa o que há de bom e moderno do povo americano. Torço que ela ganhe!

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