Ex-jogador do Ba-Vi acusa shopping da capital baiana de lhe constranger em conduta racista

João Marcelo registrou queixa após pois entendeu ter sido perseguido por seguranças do Shopping Barra

A tarde

Campeão brasileiro pelo Esporte Clube Bahia em 1988 e vice-campeão nacional pelo Vitória em 1993, o ex-zagueiro João Marcelo, atualmente com 52 anos, afirma que foi vítima de racismo em um shopping de Salvador. O ex-atleta publicou em uma rede social que foi "seguido e constrangido dentro do Shopping Barra, um ato claro de racismo e discriminação racial". A situação teria ocorrido “em Dia dos Pais”, comemorado em agosto.

Ao Correio*, o ex-zagueiro explicou a situação envolvendo dois seguranças do estabelecimento comercial e disse que denunciou o caso tanto à polícia quanto à Secretaria estadual de Promoção da Igualdade (Sepromi). Segundo João Marcelo, ele foi ao Shopping Barra com sua esposa para trocar alguns dólares em uma casa de câmbio do local, assistiu a um filme no cinema e se dirigiram ao guichê de estacionamento, onde ocorreu a perseguição por parte de dois vigilantes.

EPISÓDIO

Enquanto a esposa de João efetuava o pagamento do ticket de estacionamento, ele conta que ficou ao lado do guichê. Poucos instantes depois, afirma que viu um vulto de “um rapaz branco e de terno azul” próximo a ele. João Marcelo contou que ao perceber a situação, tentou disfarçar e olhou para a sua esquerda, onde avistou outro homem lhe olhando. Após sua mulher realizar o pagamento, os dois saíram em direção ao carro que estava estacionado e, ao olhar para trás, percebeu que a dupla acompanhava visualmente todo o seu trajeto.

O campeão brasileiro informou que retornou ao shopping no outro dia e procurou o Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) do Barra para abrir uma reclamação e solicitar as imagens das câmeras de segurança. Segundo o atleta aposentado, o responsável pelas imagens de segurança informou que “iria olhar as imagens, mas não poderia falar nada, nem mostrar as imagens, exceto em caso de ordem judicial”. Ele disse ao Correio* que, para ele, o que aconteceu ficou claro, mas precisa ter acesso às imagens para ter certeza.

No dia 16 de agosto, o ex-zagueiro foi até a 14ª Delegacia (Barra), onde registrou Boletim de Ocorrência (B.O.). Ele afirma que a Polícia Civil solicitou as imagens das câmeras para o Shopping Barra, mas que até dois meses após a ocorrência o centro de compras ainda não disponibilizou as gravações. “Eu fiquei muito constrangido na hora. É chato demais porque é um shopping que eu gosto muito e frequento bastante até pela proximidade com minha casa. Tomo café, almoço, desço lá pra tomar sopa e faço compras até muito caras. Sempre via as pessoas me olhando e achava que era por me reconhecer, já que fui jogador, mas agora eu vou pensar o quê?”, desabafou.

A ocorrência foi registrada pela delegada Carmen Dolores Bittencourt como ameaça, com base no artigo artigo 147 da Lei 2.848/40. Além da polícia, João Marcelo também acionou a Sepromi para ajudar na reivindicação de seus direitos, contou que um advogado da pasta já entrou com uma ação no Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA). O Correio* tentou entrar em contato com a assessoria do shopping, até o fechamento da reportagem não obteve retorno.

Informações do Correio*


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