Se despedindo do Brasil na FLIFS, Carla Visi defende responsabilidade social e cultural

A cantora que passará temporada estudando e trabalhando em Portugal fala sobre como o conhecimento é libertador e deve ser explorado por nossa gente

Reprodu��o/Instagram

A 11ª edição da Feira do Livro de Feira de Santana - Flifs foi encerrada no domingo (30) e Ana Paula, da equipe Bom Dia Feira, acompanhou sobretudo a participação de Marcionílio Prado e Carla Visi, na Praça Padre Ovídio. 

Evento cultural e literário, a Flifs, que teve em sua abertura Margareth Menezes com a proposta de música, poesia e história, recebeu em sua conclusão Carla Visi, propondo algo parecido com toque especial. "O objetivo da gente, que tem esse compromisso com a cultura brasileira é sempre ampliar os horizontes, dos jovens dos adolescentes e as vezes daqueles adultos que não conhecem ou não acessaram determinado universo musical", disse a cantora.

Em sua apresentação de chula - o samba do Recôncavo, Carla lembrou Clara Nunes, grande representante da música popular brasileira, a primeira mulher que vendeu mais discos do que os homens e trouxe para as paradas de sucesso o Candomblé, a mitologia africana enaltecendo o povo mestiço brasileiro. "Isso faz parte da nossa música, da nossa história e enquanto artistas precisamos estar atentos para não nos perdermos. Falam muito que o brasileiro sofre de amnésia, que esquece de tudo, mas enquanto artista, enquanto a mídia, as pessoas de cultura não tiverem esse compromisso, então quem vai recordar? quem vai trazer essas referências pra que a gente se inspire e as novas gerações se sintam fortalecidas para criar também seus movimentos próprios", racionou.

Sempre indo "além do óbvio" em suas apresentações, transmitindo mensagens ainda quando integrante das bandas Companhia Clic ou Cheiro de Amor, Carla Visi mantém em carreira solo a característica, perceptível em trabalho que lançou homenageando Gilberto Gil e pelas declarações nas quais se posiciona em relação a ideologias que envolvem a defesa do meio ambiente, por exemplo.

A cantora baiana teve oportunidade de participar da Feira Literária de Feira de Santana pela primeira vez e declarou-se grata pela oportunidade. “Na verdade, todo lugar onde há livro, onde há cultura, onde se compartilha conhecimento, é libertador, porque o conhecimento pretende-se libertador. Todo criador, todo filósofo, todo pensador, todo aquele que pretende-se instigar está compartilhando um universo e quer mostrar mais uma faceta, prisma da realidade. Eu acredito em conhecimento enquanto libertador e libertação”, pontuou.

MÚSICA DE QUALIDADE E RESPONSABILIDADE CIDADÃ

Inquieta por natureza, jornalista formada em Comunicação, defende ser cantora com conteúdo e ter direito de “falar". "Podemos sacudir, podemos abalar, levar o amor, a alegria mas isso não basta e é ruim quando as pessoas se contentam com tão pouco. O tempo inteiro eu busco provocar esse povo que acha que a música é isso aí, esse arrocha, esse pagode, o que está na mídia que é restritiva, tem suas limitações e atende a um mercado. Por isso que a gente consegue discernir música de entretenimento e música que é para cultura. Música boa ela não tem idade, é pra sempre, emociona sempre", ressaltou.

Carla está deixando o Brasil para fazer um mestrado em Portugal e conta que, em sua festa de despedida, última sexta, teve a oportunidade de fazer um show com as presenças de artistas como Márcia Freire, Laurinha, entre outro, que levam a música baiana de qualidade à frente. No domingo, a cantora salientou o privilégio de dividir o palco com Marcionílio, quem considera um dos grandes músicos instrumentistas da música baiana.

DESPEDIDA

"As pessoas me questionam se estou indo para fora do Brasil por causa do momento atual e é pelo contrário, o momento atual é um momento excelente. Esse é o momento de chacoalhar, de vir à tona a lama, poeira, o que não é legal para a gente limpar, tirar o que não presta e começar uma jornada com algo mais brilhante, algo mais feliz, que respeite o povo”, declara a cantora que aponta o certo receio de conversar porque entende também como um momento em que as pessoas encontra-se irritadas e evitam o diálogo entre opostos. “Isso não é bom para democracia, para o conhecimento e para evolução da própria humanidade. Enquanto seres racionais, humanos que somos, que temos sentimentos, emoções, pensamentos, ideias, é muito gratificante poder trocar, compartilhar, dividir, discordar”.

Pensando em cultura, a cantora aponta a necessidade de deixar as nossas crianças, nossos adolescentes e nossos jovens terem acesso à diversidade. “É isso que vou fazer em Lisboa, mostrar a cultura brasileira, defender as riquezas do nosso país que não parece um coração por acaso, é o coração do mundo, e enquanto brasileiros nós temos a responsabilidade de zelar pelo que nós temos”.

Fora do país, Carla faz palestras musicais em cidade e universidade, nas quais fala sobre cultura e sustentabilidade mostra o lado belo da resultante mestiça brasileira. “Como brasileira precisamos nos informar, precisamos estar atentos, precisamos nos responsabilizar pelas escolhas que fazemos, porque estamos no país que tem a maior biodiversidade do mundo, a maior quantidade de água doce do mundo e a maior quantidade de solo fértil do mundo”, aponta pela precaução de que estrangeiros possam administrar nosso país melhor que nós.

Sucesso na temporada Carla, estamos bem representados nas terras de lá!

Com Informação de Ana Paula


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