Haddad diz que não será candidato em 2018

A montagem da chapa em São Paulo virou o mais novo impasse para o PT.

Foto: Reprodução

BRASÍLIA - O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) afirmou nesta quinta-feira que não concorrerá a nenhum cargo na eleição deste ano. Haddad foi convidado pelo partido para ser candidato ao Senado, mas, diante da decisão do vereador Eduardo Suplicy de disputar a vaga, garantiu que não entrará no páreo. A montagem da chapa em São Paulo virou o mais novo impasse para o PT.

“Eu deixei claríssimo ao PT que não disputaria com Suplicy”, disse Haddad ao Estado. “Não faz sentido que sejam lançados dois nomes. Quando aconteceu de o mesmo partido eleger dois senadores? Só em 1994, no Plano Real.”

Escolhido para coordenar o programa de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto, Haddad negou, porém, que sua amizade com Suplicy tenha sido abalada pelo episódio. Nos bastidores do PT há comentários de um mal-estar entre os dois por causa da campanha pelo Senado.

“Qual mal-estar? Se há mal-estar, não é comigo”, desconversou Haddad. “Eu estou muito confortável como coordenador do programa de governo do Lula.”

Haddad vira e mexe é citado como “Plano B” do PT para a Presidência, caso Lula seja condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, no próximo dia 24, e não possa concorrer. O ex-prefeito, no entanto, sofre resistências no próprio partido para ocupar essa vaga. Se o PT tiver de substituir Lula na última hora, após esgotar todos os recursos judiciais, o mais cotado para o posto é o ex-governador da Bahia Jaques Wagner, hoje secretário estadual.

Diante do imbróglio na composição da chapa para o Senado, uma ala do PT tenta convencer Haddad a disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados, mas ele não quer. Lula e a cúpula do PT paulista, por sua vez, avaliam que Suplicy deveria ceder espaço para o ex-prefeito e concorrer a deputado federal, atuando como puxador de votos para a bancada. Na eleição de 2016, ele foi o vereador mais votado.

Enquete. Ex-secretário de Direitos Humanos na gestão de Haddad, Suplicy contou que está fazendo uma enquete com a população para saber qual campanha deve fazer neste ano.  “Eu também pergunto se devo ficar até o fim do mandato como vereador”, disse ele. “Muitos preferem que eu seja candidato a governador, mas o pedido mais frequente é para que eu tente ser novamente senador, cargo que exerci durante 24 anos.”

Até agora, o pré-candidato do PT ao governo de São Paulo é Luiz Marinho, presidente estadual do partido. O Estado apurou que Haddad -- derrotado por João Doria (PSDB) na campanha de 2016 à Prefeitura -- gostaria de entrar na briga pelo Palácio dos Bandeirantes, mas Lula acertou a indicação de Marinho. 

“Se o partido e o próprio Marinho avaliarem que é conveniente ter uma prévia entre todos nós para definir o candidato ao governo, eu aceito disputar”, afirmou Suplicy.

O petista negou atritos com Haddad sobre a vaga ao Senado. “Tenho muito respeito e consideração pelo Fernando Haddad, meu amigo há 30 anos. Ele pode contar comigo para o que quiser”, insistiu. 

Suplicy lembrou, porém, que, recentemente, Haddad se irritou com uma de suas enquetes sobre o destino político. “Houve um ato pró-Lula em Piracicaba e, no fim, eu perguntei à plateia: ‘Quem sabe vocês possam me dizer o que eu devo ser?’ ”, contou o vereador. “Todos responderam que eu deveria ser senador. Foi uma ovação.”

Presente ao ato, Haddad não escondeu a contrariedade. “Ele conversou comigo e falou que não era o melhor momento para eu fazer aquela pergunta”, lembrou Suplicy. A história foi confirmada pelo ex-prefeito. “Achei mesmo inadequado porque ele puxou o foco para uma coisa que já está resolvida. Já disse que não disputo com Suplicy. Mas o Suplicy é assim. Tem o jeito dele", amenizou Haddad.

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